parque leite monteiro (monte)

testemunho de nicola pestana

Recordações ...

Ora que após a molhada mas enriquecedora visita aos jardins do Monte apraz-me partilhar um pouco das minhas “estórias” naquele que aprendi ser o Parque Leite Monteiro-Monte.

À memória surge logo a figura da minha avó. Era eu uma menininha com 6, 7 anos e uma das ocupações nas tardes em que não havia escola (nessa altura a escola não era a tempo inteiro e as avós disponham de tempo para cuidar dos netos) era passear na “camioneta” rumo a dois ou três locais de eleição. O Monte era sem dúvida o predileto, não fosse pois a freguesia de origem da minha avó.

Recordo-me da frescura da sombra que lá se sentia, da frieza da água da fonte e do intenso verde das plantas daqueles jardins.

A primeira coisa que fazíamos quando lá chegávamos era beber um pouco da água fresca da fonte, nunca sem antes molhar a mão e se benzer pois a avó assim o mandava! De seguida, rumávamos aos jardins. Lembro-me de brincar à beira do lago e de correr naqueles caminhos por entre as sebes, que para mim eram labirintos de brincadeira. Era costume a minha avó levar um lanche, que quase consigo ainda sentir o cheiro de tão caraterístico: Papo seco com bife de atum. Que apetitoso que era!

De seguida visitávamos a igreja e sempre a minha avó me contava que naquelas escadas se cumpriam promessas. De joelhos! Tal como fizera em tempos a minha bisavó…

Quando havia tempo a minha avó levava-me aos jardins “de baixo”, ao pé do ribeiro, onde me lembro de ficar a ver as azáleas, flores que a minha avó sempre admirou. E também as avencas! Ai o que ela admirava as avencas que cresciam naqueles muros! E que ninguém nos ouça, mas nessa altura, lá de quando em vez, bem tentava a minha avó trazer um “pézinho” para plantar em casa…

Enfim, algumas recordações cheias de sentimento e saudade que me fizeram regressar a tempos de criança.

Obrigada “Jardins com Histórias”.

Nicola Pestana, Março de 2014

Memories ...

After the wet yet rewarding visit to the gardens of Monte I am pleased to share a few of my “stories” at the place I learned it is named Parque Leite Monteiro-Monte.

My granny’s figure comes to mind at once. I was a 6-, maybe 7-year-old little girl and when I had no school in the afternoon (at the time school would not take the whole of the day and grandmas had time to take care of their grand children), one of the activities would be touring on the bus to two or three favourite places. Monte came definitely on top of the list, after all it was where my grandma came from.

I remember how cool the shade felt, the chilling water at the fountain and the deep green of the plants of those gardens.

The first thing we did upon arrival was to drink a little of that cool water from the fountain, but only after wetting the hand and doing the sign of the cross, for those were my granny’s rules! Then we would walk to the gardens. I remember playing by the lake and running through the fenced paths, which for me were a sort of labyrinth. My granny used to take a light picnic, one I still can almost smell its peculiar scent: tuna steak in a bun. How delicious that was!

Afterwards we would visit the church and each time my grandmother would tell me that on those steps people fulfilled their vows. On their knees! Just like my great-grandmother did once upon a time...

When we still had spare time, grandma would take me to the “lower” gardens, by the brook, where I remember looking at the azaleas, flowers my granny always admired. And maidenhair ferns! How she loved these ferns that grew along those walls! And, just between us, every now and then, she would try to grab one to plant at home...

Well, memories overflowing with feelings and longing, taking me back to my childhood.

Thank you “Jardins com Histórias”.

Nicola Pestana, March 2014